quinta-feira, 4 de maio de 2023

Também pudera, Panacea filha de quem era não tinha como cair longe da árvore. Sua mãe, Epione, era a deusa responsável pelo alívio das dores e era esposa de Asclépio, o deus da medicina. Toda família tinha alguma relação com o alívio do sofrimento.

Epione foi muitas vezes retratada segurando ervas medicinais ou uma papoula, uma planta que era usada nos tempos antigos como analgésico.

Panacea nasceu com esse dom. Dizia-se que como deusa do remédio universal curava todos os males e tinha digamos, passe livre no Olympo, a casa dos deuses!

Acreditava-se que ela tinha uma poção especial que poderia curar qualquer doença ou ferimento.

Hoje seu nome está ligado a um medicamento quase que milagroso, que cura todos os males.

Embora possa haver alguns remédios ou soluções que funcionem bem em determinadas situações, nenhum medicamento pode resolver todos os problemas.

Com o sucesso da utilização do óleo de Cannabis em diversas situações onde a terapia tradicional já não surte qualquer efeito, vez por outra nos deparamos com pessoas que de fato creem estar lidando com algo divino.

O óleo de cannabidiol, realmente ainda surpreende pela sua enorme gama de utilização. 

Acredito que ainda tenhamos espaço para o crescimento dessa opção de tratamento, que está mais nas mãos do homem do que na esfera do Olympo.

Marque uma teleconsulta pelo telefone: 21-99530-5872

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

O Louco

 Capítulo primeiro

Diz-se que o lado bom da doença de Alzheimer é conhecer gente nova todos os dias. Um humor negro sobre a perda da capacidade do paciente de armazenar informação. Com isso se explica e se desculpa seus constantes deslizes sociais. Assim é o louco. Como não é, digamos, dono de seus atos, tudo pode ser explicado...aos outros, não ao próprio, que é louco! Êle nada sabe, seu raciocínio é um labirinto, sua lógica esbarra no instinto da sobrevivência e seu comportamento um contra-senso. Por mais que se queira explicar êle não entende, portanto para que se dar ao trabalho.

Em todas nossas conversas meus argumentos são de pronto anulados com a fatídica expressão “- Você não entende!” E precisa diria eu. Não basta o sentir? Não é suficiente ver? E o tato por onde anda? O olfato, dele o que terá sido feito? Quantos sentidos são necessários para entender? Vivo perdido naquele labirinto em conflito, cultivando minha insanidade e o justo egoísmo dos que apenas não entendem. E assim se passam as horas, os dias, semanas, meses e anos de nossas vidas, eu sem entender aquilo que vc não explica, procurando decifrar para não ser devorado, buscando uma saída, fugindo dos minotauros do dia a dia e me perguntando se algum dia estaremos sentados com os olhos regando o infinito e querendo saber o que não deu certo na nossa história. Coisa de louco? Sei não! Canta a canção que diz mais louco quem não é feliz então para que entender, sejamos apenas felizes e fim do primeiro capítulo.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Orgulho Perdido



Gostaria de encher o peito e gritar que tenho orgulho de ser brasileiro. Assim com eu, milhares de outros sentem o mesmo pesar. Vivemos como retirantes em terra de ninguém. Um lugar sem lei onde o que vale é levar vantagem em tudo. A onda de violência e criminalidade se espalha por todo país como um vírus mortal.

Ou a reserva moral da nação toma a lei e a ordem em suas mãos ou teremos instaurado o caos em nosso meio, de tal maneira que em breve estaremos vivendo entrincheirados e em guetos.

Com muito maior desrespeito que um salário vergonhoso, alguns delegados estacionam seus automóveis importados e incompatíveis com seus ganhos, em frente ao prédio da lei onde trabalham, indiferentes à suspeição e certos do poder absoluto.

É fundamental que os segmentos da sociedade se associem nessa luta, de forma a restabelecer os padrões éticos e morais que constroem uma grande nação e que outra vez, cada um de nós possa voltar a sentir orgulho de ser brasileiro.


Nota: Publicado em 23/07/2004. Mudou!?

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Iom Ha Shoá - Dia da Memória do Holocausto


Quando passamos por momentos difíceis, olhamos para nossa história. Não para nossa caminhada individual, mas para a historia do nosso povo. 

Pelo momento que passamos atualmente, me vi no desejo de me expressar de forma mais forte e compartilhar com vocês o que estou sentindo. É sem dúvidas um dia diferente. 

Mesmo que ensolarado, mais cinza. Hoje, lembramos das vítimas de um dos períodos mais sombrios da história da humanidade. 

Lembramos, pois o povo judeu sobreviveu. Sobreviveu e resistiu. Resistiu quem morreu nos campos. Resistiu quem fugiu. Resistiu quem lutou. Resistiu quem chorou. Resistiu quem sobreviveu. Resistiu e persistiu. 

Infelizmente, os preconceitos também persistiram à queda do sistema. Há 75 anos, o nazismo ruiu, mas não levou consigo o ódio e o preconceito. Contudo, persistiu também a luta. A luta contra a perseguição. A luta contra a opressão. A luta por igualdade e direitos. A luta pela liberdade. 

Hoje é o dia oficial de relembrarmos o que ocorreu, mas todo dia é dia de lembrarmos da essência do dia de hoje, para movermos assim a batalha constante contra as injustiças. Pela memória de todas as vítimas do holocausto e por todos que sofrem com os preconceitos - que ainda estão enraizados na nossa sociedade - que levantamos e lutamos. Levantamos e resistimos. 

Como pelos trilhos de Auschwitz já chegaram mortos e hoje mostramos que ainda há vida, vamos mostrar que não é apenas vida, mas a vida que vai resistir.



Texto de Ilana Lewkovitch Welikson

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Arrependimentos


É muito comum ouvir um “faria tudo de novo”, como que ratificando suas certezas e passando por cima de eventuais erros, que estão sempre por perto e à espreita. Eu não. Tenho arrependimentos e se tivesse a oportunidade, por certo procuraria não repetir as falhas e as bobagens que cometi.

Essa semana fomos jantar, minha mulher e eu, pela dezena e meia de anos que casamos no civil. Sim, necessária a definição "civil" por que casamos algumas vezes em diferentes cerimônias.

Minha amiga, companheira, confidente, musa inspiradora merecia ainda mais. Se me fosse dada a chance, teria carregado menos nas cores de uma culpa que nunca tive e assim me dando ainda mais para minha mulher. Teria sido mais restrito em explicações ao público e assim teria gasto esse tempo em infinitas conversas com minha confidente. Apaixonei-me loucamente e isso não é coisa que se defina. É um sentir sem fim. No tanto que recebi, tresloucadamente seria mais justo com minha musa.

Quando unimos nossas almas, fizemos uma promessa de ficar vivos e juntos por pelo menos 30 anos. É verdade, tenho meus arrependimentos. Nossa saída para jantar não deveria ser a comemoração pelos 15 anos, mas pelo início de outros 15. E dessa vez turma, sem arrependimentos.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Pulando Passos

Há cerca de meio século, ainda nos bancos da faculdade, decidi que era hora de aprender a ler o eletrocardiograma, aquela fitinha com traços estranhos que nos dá várias informações sobre a quantas anda nosso coração. Adquiri um livro que prometia desmistificar aquilo que para a maioria parecia um insolúvel mistério. 
Já o prefácio nos alertava que seguiríamos passo a passo uma rotina que podia parecer ridícula, mas que era imprescindível não pular qualquer etapa por mais óbvio que pudesse parecer; “- não pule página!”. Claro que percebendo aqueles passos absolutamente lógicos, banquei o esperto e fui direto para o meio do livro. Por pouco não desisto de tudo! O bom senso me levou de volta ao início do livro e com mais humildade trilhei por aquelas páginas, cada vez mais complexas e quando por fim passei pelo meio do livro, dessa vez com crescimento programado, tudo ficou muito claro.

Terminei como devia e, até hoje, quase 50 anos depois, ainda leio o eletrocardiograma seguindo os passos daquele livro genial. Eu me faço várias perguntas sequencialmente e ao acabar de respondê-las, tenho pronto o laudo em minhas mãos.

Essa lição ficou para minha vida. Diante de situações inusitadas, me faço várias perguntas que creio pertinentes e ao alcançar as respostas tenho a solução para minhas questões.

Se pudesse pedir alguma coisa a um filho, diria que se fizesse perguntas. Se desviar de seus sonhos nem pensar! Desistir de buscar sua felicidade então, nem cogitar! Nada disso se choca com precaução. Sabemos que “per aspera ad astra” (por caminhos difíceis alcançaremos as estrelas). 

Basta não pular etapas, ter paciência e questionar. Além do mais é apenas preocupação de um velho pai que ama muito e se preocupa com sua prole.

Be happy please!

quarta-feira, 29 de março de 2017

O Médico e o Monstro

O médico .....

Lindo, maravilhoso! Ela está tão alegre, curtindo o resgate de sua eterna juventude e isso lhe dá um novo ânimo nessa vida tão corrida. Vamos ficar aqui na torcida a distância, aquecer seu banho e acolchoar sua cama para o merecido descanso após a maratona de esforço físico e o stress da insegurança física dessa terra de Cabral.

Vamos servir seu jantar e massagear seus pés. É muito bom ver essa felicidade em seu rosto, que traz dividendos para toda a família.

... e o monstro

 - Há muitos anos conheci uma jovem mãe que protegia seu pequeno rebento com vários tons de exagero. Sempre achei que poderia ser uma síndrome descrita por Freud onde em verdade ela o protegia dela mesma, de seus pensamentos que jamais ousara superficializar.

–Ah não! Lá vem surgindo a lua cheia e com ela a maldição. Aflora o lobo homem, a besta incontrolável de instinto assassino cuja forma de pensar e raciocinar afronta toda e qualquer lógica.

The beast must walk on a leash. The beast had been unleashed. I pity the beast!

Na fala de Freud, o noivo limpava histericamente o caminho por onde passaria a carruagem de sua noiva. O excesso de zelo seria uma super proteção contra seus próprios, profundos e inconfessáveis pensamentos, uma saída para seus conflitos que finalmente conseguiria superar com a inestimável colaboração de seu amigo e protetor ... Dr. Sig.

Já repousando sua mente, adormece a besta e surge a simpática figura ... o médico.

Cadê meu amigo Sig ?

terça-feira, 21 de março de 2017

Minha mulher não é ... maravilhosa!!!

Nos primórdios dos anos 40 surgiu uma heroina, saída de uma ilha onde só haviam amazonas, em uma versão greco-romana da princesa Diana de Themyscira e filha de Hipólita, a rainha das amazonas e Zeus, outro cara adepto da poligamia. Já perdi a conta das deusas e mortais que conquistou com sua conversa mole.
Era toda voltada para o bem. Seu laço da verdade era uma expressão poética do polígrafo, produto famoso de seu verdadeiro pai e defensor da poligamia (vivia de forma consensual com duas mulheres).
Diferentemente do super-homem e do Batman, dois extremos da mesma loucura, essa princesa foi mandada ao “mundo dos homens” para propagar a paz. Uma intransigente defensora da verdade. Usava uns braceletes que a defendiam das balas mortais. Não voava como o super-homem, apenas flutuava no ar. Mortal mesmo eram suas curvas.
Uma de suas características mais fortes era a recuperação do malfeitor. Seu laço da verdade extraia do bandido coisas que o mais profundo de seu íntimo não permitia verbalizar e o mais forte desses poderes era que conseguia recuperar uma alma perdida, diferente dos outros super herois que batem e simplesmente mandam para cadeia.
Agora voltando para casa, encontro Lia em carne e osso, batalhando, se mantendo firme diante das agruras que nos são impostas por uma administração que não resiste ao laço ou ao polígrafo e segurando a onda com firmeza e galhardia. Quando acho que estamos em um beco sem saída, vem ela flutuando com um sorriso e a solução na mão.
Minha parceira e companheira de sempre e de todas as horas me parece por vezes uma super heroina. Enfrentou seu câncer e o bateu. Esteve colada comigo quando tive que enfrentar o meu. Encaixamos um no outro de corpo e alma como se feitos por encomenda.
Vocês podem achar que eu estou maluco, mas Lia de fato não é ...maravilhosa; para mim ela é a própria mulher maravilha.



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Fase Boa

Hoje vou pegar emprestado o poema da minha filha caçula de 13 anos, premiado em primeiro lugar na sua escola.

O lindo disso é que parece a visão de quem está de fora, mas trata-se da lucidez dessa minha pequena notável.

Vale pela simplicidade, clareza e pureza da explanação.

Obrigado Ilana




segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Something is Rotten

A desordem está em todas as partes, até mesmo no título da postagem. Embora seja um conceito já estabelecido, estas palavras estão em Hamlet mas não em sua boca. Foram ditas por Marcellus para Horácio enquanto Hamlet se afastava com o fantasma de seu pai, que lhe pedia vingança. Já dei minha opinião sobre essa herança cruel de um dever que um pai passa a seu filho, aprisionando-o em missão suicida (ler no início do post Dançar não pode). Não satisfeito em matar seu irmão pelo poder, Claudio ainda abocanha Gertrudes, sua cunhada. Em sua cova Nelson, o Rodrigues ri a toa!

O fato é que a expressão de Marcellus se firmou como símbolo de uma desordem, um caos, um misto de traição, vingança, corrupção e imoralidade que tornam inviável a manutenção de um grupo qualquer no poder se não abdicarem desse padrão.

Eu não sou um “expert” em economia, me dou ao luxo de fazer apenas medicina e deixo com minha mulher a organização da casa e da clínica enquanto minhas secretárias tomam conta da recepção e me auxiliam nos procedimentos. Então reconheço que posso não ser o melhor conselheiro para esse desgoverno e para sanear essa avalanche de roubalheira e desrespeito que tomou conta do país, mas tudo que me vem a cabeça é que “há algo de podre nesse reino”(D’aprés Marcellus em Hamlet).

Explicações não nos faltam; caras de espanto então nem pensar. Seguindo essa linha de pensamento não há como fugir do conceito de que nossa polícia federal é formada por um bando de incompetentes, corruptos e interesseiros, com o claro objetivo de destruir essa nação.

A ordem é mantida pelo equilíbrio entre o crime e o castigo, de forma que punição próxima de zero = crime perto do céu.

A violência é a parteira da história e não há reforma indolor. Já vou adiantando que sou contra a intervenção militar e/ou qualquer forma de truculência. Da mesma maneira que me eximi de fazer a contabilidade doméstica e da clínica, seguindo o mesmo comportamento em relação à coordenação administrativa, por me saber não ter a competência de outros, não me arrisco com uma resposta na ponta da língua, mas diferente desse congresso e dessa fauna política, não transgrido e não faço acordo. É o primeiro passo. Não me arvoro em dono da verdade, mas com certeza há algo de podre nesse país.

A sociedade deverá reagir, se organizar, continuar se manifestando, mostrar seu desagrado, parar de cometer os pequenos delitos que se agigantam quando a oportunidade se faz presente, ter orgulho de si e de sua dignidade, deixar explodir no peito outra vez o grito de que o povo unido jamais será vencido.

Mesmo porque na história do Billy (Shakespeare) todos morrem no final. Vamos fazer diferente.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Honi Soit Qui Mal y Pense

Uma expressão francesa para envergonhe-se quem nisto vê malícia, numa linguagem meio pernóstica, usada por intelectualóides. É também o lema da Ordem da Jarreteira, comenda britânica criada no tempo das Cruzadas.
Conta-nos a lenda que, em 1347, durante um baile da corte, a Condessa de Salisbury perdeu a sua liga azul. O Rei Eduardo III mais que depressa ajoelhou-se e recolocou-a, sob a visão crítica e as pretensas e discretas contraturas da comissura labial dos nobres, o famoso risinho.
Sem perder a pose, muito pelo contrário, Eduardo replica a seus críticos: "honi soit qui mal y pense!”, seguido de um pequeno discurso, tudo em francês. Da mesma forma que culturalmente Roma era grega na época do império romano, em um bom período da idade média o francês era a língua oficial da corte inglesa.
A verdade é que era tudo encenação. Não era segredo que Eduardo era “useiro e vezeiro” daquele quintal. Conhecia como poucos cada linha daquelas colunas que sustentavam seu ninho de amor. Eram muito mais que íntimos. Dizem as más línguas que Sally deixara a liga meio solta de propósito para alimentar os sonhos e as taras de Dudu. Coisas inconfessáveis típicas dos amantes. Cá entre nós, existem registros muito fidedignos que Sally tratava de suas pernas de forma futurista para a época. Diferentemente das lisboetas, cuidava para não deixar um só fio de cabelo visível. Era muito ciosa disso, provavelmente por causa dos ovários polimicrocísticos.
Seguindo essa linha de divagação vamos acabar justificando as cruzadas, que não é nosso foco agora.
A polícia federal por seus componentes, está fazendo um trabalho magnífico de arrumação da casa. O mais pitoresco em cada prisão é a cara de surpresa dos meliantes. Alegações como a defesa “dos interesses do povo” e o “sacrifício próprio em detrimento de uma causa maior” pululam nas bocas de seus advogados.
“Fui a Paris no mais caro restaurante, paguei com verba desviada dos hospitais públicos, do salário do funcionalismo, para uma boa representação do nosso estado. Perdi noites de sono em baladas com minha mulher, gastei verbas em presentes às custas da merenda escolar e de investimento na segurança, sempre pensando no bem do povo da minha cidade”.
São de tal forma canalhas que quase acreditam no papel de vítimas que se auto impuseram. Mesmo sabendo que seus malfeitos são de conhecimento geral, se postam de vítimas das sua verdadeiras presas, que somos todos nós, simples mortais.
Fico assistindo suas declarações esperando o momento que darão uma de Dudu III e atacarão com a maior desfaçatez um “honi soit qui mal y pense”.


Leia artigos médicos clicando aqui

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A Mão Extraterrestre

Nem brigar comigo no trânsito as pessoas querem mais. Quando vêem que se trata de um senhor, passam a ser condescendentes e até fraternais. Só isso bastaria para confirmar que o meu tempo passou e que de fato envelheci. Mas a vida se mostra, na sua ironia e crueldade, mais requintada.

Eu definitivamente não sou mais jovem, embora digam que eu permaneça com uma estranha beleza. Algo de maturidade, consciência e compreensão da natureza humana. É bem provável que a mente tenha embotado um pouco, tenho me surpreendido com a falta de equilíbrio na bicicleta, a visão, nossa, essa chegou a quase 5 graus em cada vista, passo os dias na esperança de um só dia e no trânsito estou ficando “punk”, mas a perspicácia, a capacidade de entendimento e de enxergar o que não é visto ainda permanecem aguçados.

Quando jovem, tive um fusquinha onde a sinalização de dobrar para os lados era uma barra que saia da coluna do carro, piscando e acionada manualmente. Depois com os aprimoramentos da modernidade da época passou a ser semiautomático, se não me falha a memória, acionado por um botão eletrônico no painel. Estão vendo a embotada?!

Hoje, a velocidade e a condescendência no trânsito não estão nem na memória. Perderam-se na pressa do dia a dia, na frieza das relações humanas regadas ao ódio plantado na injustiça social. Hoje o sistema é totalmente eletrônico e sem qualquer vestígio de humanidade no processo.

Cansei de presenciar mãos abertas com a palma para cima, como quem questiona e desafia, sempre a um passo das vias de fato, onde não raro esse embate acaba em morte.

Foi nesse contexto que me surgiu naturalmente a ideia de tornar minha sinalização mais humanizada. Meu companheiro de estrada não estaria disputando o espaço ou fazendo do seu carro uma arma. Passei a pedir passagem com a mão espalmada para baixo, como quem suplica, se mostra humano e não um robô. Quase trêmula e com movimentos rápidos essa mãozinha consegue na quase totalidade das vezes a simpatia do motorista e o espaço para alcançar o outro lado da via, quando se percebe o traço de gente dentro da máquina.

As pessoas precisam saber que há um semelhante com seus medos, suas angústias e ansioso por encontrar um igual. A mão humana estendida quebra a expectativa de estar transitando com extraterrestres ou inimigos a serem abatidos.

De repente essa simples mãozinha era o exercício que precisávamos para reencontrar nossa humanidade.

Não deixe de ler os artigos médicos no site do Espaço Médico Península clicando aqui.