sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pecado Capital


Família é assim mesmo, tem sempre uma fofoca rolando, algum desentendimento em pauta e um ranço básico entre as diversas facções, mas em datas festivas estão todos reunidos em torno da mesma mesa. Exceções não raras marcaram a história do homem pela sua virulência e apontam para uma característica a ser corrigida pelo grande arquiteto, quem sabe na próxima fornada. O importante é o espírito de fraternidade. Da capacidade de cada qual em manter a mão estendida para quem precisa no momento em que se faz necessário.

Mas nem sempre assim caminhou a humanidade. Já em Gênesis quando a Consciência onipresente e onisciente questiona Caim “...- e aí Caim? Cadê seu irmão?” À época as relações eram mais informais, porém nem tanto ao mar nem tanto a terra e um mínimo de cuidado seria bastante razoável. A resposta no entanto traduz o descuido, a origem do crime, o nascedouro da barbárie, a fonte onde bebem o egoísmo e o descaso com que muitos tratam seus iguais. “Sou eu por acaso a ama-seca do meu irmão?” Sim, deveríamos ser cada qual um cuidador do nosso irmão, ainda que tenha ele optado por um caminho diverso do nosso, mesmo que a letra de sua música não combine com a melodia da nossa ou que possamos parecer a antítese um do outro.

Não acho que o episódio da maçã tenha levado a algum tipo de pecado. Ora venhamos, um jovem casal em uma praia de nudismo, sol e sombra, água de côco à mão, nada de contas e frutas a dar com pau...foi isso, mais previsível que American Idol e filme de sessão das duas.

O pecado capital é o conceito de “ao nosso reino tudo e ao vosso coisa nenhuma”. Daí, todo malfeito é aceitável e uma conseqüência lógica, facilmente previsível. É um pecado original, ou seja, o que dá início a todos os outros.

O silêncio do Cainchoeira, o encapsulamento protetor de quem se pretendia ser uma reserva moral, o sorriso maroto do advogado do mal, a postura hipócrita dos representantes desse povo esquecido, o conchavo que faz da justiça mais um palhaço desse circo de horrores é o que se constitui no verdadeiro pecado original. O abate físico e violento de seu adversário é apenas mais um ato previsível desse teatro de 5ª categoria.

Estacionar “rapidinho” em vaga de deficiente é não dar a mínima para seu irmão, uma veemente expressão de pecado original. Sempre achei que precisamos ser rígidos nos princípios e maleáveis nas decisões, o que não significa ser indeciso ou viver uma vida sem princípios.

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