sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Honi Soit Qui Mal y Pense

Uma expressão francesa para envergonhe-se quem nisto vê malícia, numa linguagem meio pernóstica, usada por intelectualóides. É também o lema da Ordem da Jarreteira, comenda britânica criada no tempo das Cruzadas.
Conta-nos a lenda que, em 1347, durante um baile da corte, a Condessa de Salisbury perdeu a sua liga azul. O Rei Eduardo III mais que depressa ajoelhou-se e recolocou-a, sob a visão crítica e as pretensas e discretas contraturas da comissura labial dos nobres, o famoso risinho.
Sem perder a pose, muito pelo contrário, Eduardo replica a seus críticos: "honi soit qui mal y pense!”, seguido de um pequeno discurso, tudo em francês. Da mesma forma que culturalmente Roma era grega na época do império romano, em um bom período da idade média o francês era a língua oficial da corte inglesa.
A verdade é que era tudo encenação. Não era segredo que Eduardo era “useiro e vezeiro” daquele quintal. Conhecia como poucos cada linha daquelas colunas que sustentavam seu ninho de amor. Eram muito mais que íntimos. Dizem as más línguas que Sally deixara a liga meio solta de propósito para alimentar os sonhos e as taras de Dudu. Coisas inconfessáveis típicas dos amantes. Cá entre nós, existem registros muito fidedignos que Sally tratava de suas pernas de forma futurista para a época. Diferentemente das lisboetas, cuidava para não deixar um só fio de cabelo visível. Era muito ciosa disso, provavelmente por causa dos ovários polimicrocísticos.
Seguindo essa linha de divagação vamos acabar justificando as cruzadas, que não é nosso foco agora.
A polícia federal por seus componentes, está fazendo um trabalho magnífico de arrumação da casa. O mais pitoresco em cada prisão é a cara de surpresa dos meliantes. Alegações como a defesa “dos interesses do povo” e o “sacrifício próprio em detrimento de uma causa maior” pululam nas bocas de seus advogados.
“Fui a Paris no mais caro restaurante, paguei com verba desviada dos hospitais públicos, do salário do funcionalismo, para uma boa representação do nosso estado. Perdi noites de sono em baladas com minha mulher, gastei verbas em presentes às custas da merenda escolar e de investimento na segurança, sempre pensando no bem do povo da minha cidade”.
São de tal forma canalhas que quase acreditam no papel de vítimas que se auto impuseram. Mesmo sabendo que seus malfeitos são de conhecimento geral, se postam de vítimas das sua verdadeiras presas, que somos todos nós, simples mortais.
Fico assistindo suas declarações esperando o momento que darão uma de Dudu III e atacarão com a maior desfaçatez um “honi soit qui mal y pense”.


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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A Mão Extraterrestre

Nem brigar comigo no trânsito as pessoas querem mais. Quando vêem que se trata de um senhor, passam a ser condescendentes e até fraternais. Só isso bastaria para confirmar que o meu tempo passou e que de fato envelheci. Mas a vida se mostra, na sua ironia e crueldade, mais requintada.

Eu definitivamente não sou mais jovem, embora digam que eu permaneça com uma estranha beleza. Algo de maturidade, consciência e compreensão da natureza humana. É bem provável que a mente tenha embotado um pouco, tenho me surpreendido com a falta de equilíbrio na bicicleta, a visão, nossa, essa chegou a quase 5 graus em cada vista, passo os dias na esperança de um só dia e no trânsito estou ficando “punk”, mas a perspicácia, a capacidade de entendimento e de enxergar o que não é visto ainda permanecem aguçados.

Quando jovem, tive um fusquinha onde a sinalização de dobrar para os lados era uma barra que saia da coluna do carro, piscando e acionada manualmente. Depois com os aprimoramentos da modernidade da época passou a ser semiautomático, se não me falha a memória, acionado por um botão eletrônico no painel. Estão vendo a embotada?!

Hoje, a velocidade e a condescendência no trânsito não estão nem na memória. Perderam-se na pressa do dia a dia, na frieza das relações humanas regadas ao ódio plantado na injustiça social. Hoje o sistema é totalmente eletrônico e sem qualquer vestígio de humanidade no processo.

Cansei de presenciar mãos abertas com a palma para cima, como quem questiona e desafia, sempre a um passo das vias de fato, onde não raro esse embate acaba em morte.

Foi nesse contexto que me surgiu naturalmente a ideia de tornar minha sinalização mais humanizada. Meu companheiro de estrada não estaria disputando o espaço ou fazendo do seu carro uma arma. Passei a pedir passagem com a mão espalmada para baixo, como quem suplica, se mostra humano e não um robô. Quase trêmula e com movimentos rápidos essa mãozinha consegue na quase totalidade das vezes a simpatia do motorista e o espaço para alcançar o outro lado da via, quando se percebe o traço de gente dentro da máquina.

As pessoas precisam saber que há um semelhante com seus medos, suas angústias e ansioso por encontrar um igual. A mão humana estendida quebra a expectativa de estar transitando com extraterrestres ou inimigos a serem abatidos.

De repente essa simples mãozinha era o exercício que precisávamos para reencontrar nossa humanidade.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Detesto o Super Honesto

Tenho aversão a essa qualificação, muito embora não raro eu mesmo me surpreenda abusando da expressão. Da mesma forma uso o “Deus me livre” sendo eu visceralmente um ateu. 

Uma mulher bonita já é o suficiente, não precisa ser super. Muitas meninas quando vão chegando aos seus 45 -50 começam a acreditar que estão perdendo seu encanto, que não são mais super. “Ah meu Deus” (lá vou eu de novo). Deixei isso claro na minha crônica “Don Juan e o Puro Sangue Marchador” (clique e leia).

Minha mulher bateu os 50 e a cada dia é mais deusa e musa inspiradora. Ainda usa o coque! Valha-me Deus e nossa senhora! (aqui de novo).

Existem condições “tudo ou nada”. O grande problema no meu entender do super honesto é que ele pode ter um primo apenas honesto. É honesto, mas não é super! E aí que mora o perigo. Não existe meio-termo para isso. Ou é ou não é!

Alguem que não rouba porque tem gente olhando já é “tipo” o primo do super.

O que levou o país a esse quadro catastrófico foi a prática de uma gradação da honestidade. “- Pequenos delitos eventuais até pode”. Rouba-se apenas o que é possível e aos poucos vai se alargando o conceito de “possível”.

Da mesma forma, as agressões verbais entre um casal tomam um rumo crescente, passando para os palavrões, empurrões, tapas ... e Maria da Penha!

Comum na área médica sugir uma medicação milagrosa que com o tempo cai em desgraça e finalmente encontra seu lugar no arsenal terapeutico. O Brasil está no limite da imoralidade e da antiética. É preciso uma reação também extremada e rigorosa, com princípios de um samurai para trazer de volta a ética para os trilhos.

A lava jato está no caminho, mas cabe ao povo fazer a sua parte. E olha que nem precisa ser super honesto; honesto já está de bom tamanho.



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sábado, 5 de novembro de 2016

Quem é Vera?

- Amor tive um sério acidente de carro. Deu perda total, fraturei 4 costelas, o braço e o fêmur, rompi o baço e parece que tive também um traumatismo craniano, mas o neurologista falou para Vera que está tudo sob controle!

- .... quem é Vera?!

Muitas vezes por razões as mais diversas, perdemos o foco da questão mais imediata. Certa vez inundei a mente de um jovem de seus 17 – 18 anos, sobre vários problemas na confecção de uma programação para computador; ele habituado aos jogos eletrônicos me deu uma grande lição: - vamos matar primeiro os inimigos mais próximos.

Ainda que a esposa pudesse desejar o fim de seu marido, a Vera era o menor dos problemas naquele momento, assim como mesmo que alguns desejem a morte do Brasil, o pretenso tenor Bob Jeff ou o malvado favorito John Kane, apenas cumpriram seu papel naquele momento e nem por isso deverão ter abonadas suas falcatruas, que “en passant”, não foram poucas e nem sequer inocentes.

Cravanella aprendeu direitinho com Brizola como se desviar do foco. Nos últimos debates enquanto Frouxo dissertava sobre os ossos quebrados, o eterno bispo (sem trocadilhos) idolatrava a Vera. Deu no que deu.

Não estou aqui na defesa da impunidade, ah não! Vocês jamais ouvirão isso de mim, mas sangue frio e foco são fundamentais em qualquer embate. Aos faltosos com a decência e para com a lei não lhes desejo a morte, mas vida longa; não quero que percam a visão, apenas um olho e que no outro tenham miopia de 38º. Também espero que percam todos os dentes menos um e que nesse tenham carie e dor de canal até o final dos tempos.

Permito-me reproduzir aqui palavras sábias de Gorki, na fala de Teteriev, um alcoólatra que gosta de filosofar. Na peça Os Pequenos Burgueses ele sobe na mesa e faz um discurso super impactante na alma dos politicamente corretos:

“Quando dizeis que o mal se paga com o bem, vós vos enganais. O mal é uma qualidade que vos é inata. E por isso de pouco valor. O bem, vós inventastes e pagastes terrivelmente caro. E em virtude disso o bem é uma coisa valiosíssima, rara. Conclusão: colocar num mesmo plano o bem e o mal é inconveniente e inútil. E eu, em verdade, em verdade vos digo: pagai o bem com o bem somente! E nunca além do recebido, que é para não estimular no homem a tendência à usura. Porque o homem é ávido! Tendo recebido uma vez além do que lhe é devido, da próxima vai querer receber ainda mais. Mas não lhe pagueis menos do que lhe é devido. Porque, se o enganais uma vez, o homem é rancoroso; ele dirá de vós: são uns falidos! E deixará de respeitar-vos. E da próxima vez não será mais o ‘bem’ que ele vos fará. Ele se contentará, simplesmente, em vos dar uma esmola. Irmãos! Não há nada mais triste sobre a terra, nem mais repugnante, do que um homem dando uma esmola ao seu próximo. Pagai o bem estritamente com o bem. Quanto ao mal, pagai cem vezes mais. Sede pródigos ao retribuir ao próximo pelo mal que ele vos ocasionou. Se quando pedirdes um pão vos derem uma pedra, descarregai sobre sua cabeça uma montanha!”

Lembremo-nos que a Vera/Brasil não escapou ainda, só estava cumprindo sua missão naquele fatídico momento. O país está de olho. Ah Vera! Ave Vera!