Todo malfeito é justificado por
seu agente com lógicas transversas ao bom senso e aos princípios do convívio
social. Quando surpreendidos pela lei se veem cabisbaixos e arrependidos,
certamente por terem tido frustradas suas malévolas intenções. Os pequenos
delitos quando ignorados servem de sementes do mal para um dano mais abrangente
no futuro e são um estímulo às grandes falcatruas.
Presenciamos nesses dias em São
Paulo, tristes cenas de selvageria no que se esperava ser a coroação de uma
grande festa popular, fonte de lucro de empresários do crime, que se mostrou
nesse episódio, um tanto desorganizado.
O fato marcante em todas essas
crônicas policiais é que indivíduos de posses ficam invariavelmente impunes,
enquanto o ladrão de galinha vai engrossar as fileiras do crime em sua escola
maior que são as casas de detenção. Nunca o mal foi tão gratificante e
compensador. Nunca se plantou nessa terra, de forma tão orquestrada e acintosa,
a semente do mal.
Dirijo um centro médico na Barra
da Tijuca, situado em uma rua que apesar de ter alvará e constar no Guia da
Guarda Municipal, curiosamente é desconhecida da prefeitura. Inúmeras e
infrutíferas foram as denúncias ao número divulgado para atendimento ao
cidadão.
Ônibus de empresa privada que
atendem aos condomínios, se apossaram da via pública, colocaram cones onde
melhor lhes convinha, atrapalharam o ir e vir de funcionários e usuários e se
mostram zangados e ameaçadores quando chamados a atenção.
Por último destruíram placas de
proibido estacionar, indignados por estarem elas ali. Então felizes, lépidos e
fagueiros interferem com o fluxo do trânsito, certos de que nunca lhes será
imposta qualquer punição.
O próximo passo, a exemplo do
que ocorre com taxistas e milícias, tomados pelo torpor do poder, passarão a
legislar sobre o que pode e deve ser feito nas imediações, quem serão os
amigos, participantes é lógico de uma caixinha, que poderão usufruir da
ilegalidade e se elegerão executores do castigo aos “infratores” seguidores da
lei e da ordem pública.
Conhecendo a
linguagem dessa Terra de Nuncas, não posso jamais afastar a possibilidade de
parcerias com funcionários da instituição pública, gerando conforto e lucro
para alguns em detrimento do custo que isso possa acarretar aos cidadãos de
bem.
Nessas fantasias
de nossa infância, temos um herói que se recusava a crescer e um fora da lei
que se negava a exorcizar seus fantasmas. Não foi por outro motivo que ficaram
presos na Terra do Nunca.
Se nós, na vida
real não optarmos pela dor do crescimento e encararmos nossos problemas, estaremos
fadados, como os personagens do conto a viver para sempre nessa terra de
nuncas.
Não deixe de ler os artigos médicos no site do Espaço Médico Península
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