sábado, 4 de outubro de 2025

A Vênus de Copacabana

Em meados de 1908, uma equipe de arqueólogos, encontrou próximo de Willendorf, na Áustria, uma estatueta de poucas polegadas de altura, esculpida em calcário olítico que datava cerca de 30.000 anos. Seu aspecto para os padrões atuais se assemelhava a uma mulher com obesidade mórbida  e lipodistrófica. Sua barriga, mamas e vulva avantajadas mostrava que era uma gestante.

Representava várias qualidades, como poder, beleza e capacidade de preservar a espécie. Era enfim uma deusa e na limitação da capacidade artística da época, uma projeção do que representava a fêmea naquela cabeça masculina não tão vazia. Por tudo isso recebeu a alcunha de Vênus de Willendorf.

Nos dias atuais abundam as bundas nos palcos e desfiles, expostas em um erótico  frenesi que transtorna a todos nós. Difícil achar um homem que não nutra admiração por essas curvas.

Assistimos há pouco dois eventos no mesmo local, em momentos difrerentes, um a expressão de arte de uma ópera com belas fantasias, contrastando com outro que se apresentaram nas mesmas areias mas com abuso da exposição daquelas curvas dignas da Vênus de Willendorf.

Uma dessas divas, reconhecida por sua inteligência e cultura, sua capacidade de aprender e se comunicar em vários idiomas, abusava  da exposição de suas monumentais curvas desviando as merecidas palmas e ovações de sua arte para seu lado Willendorf.

A arte é milenar, assim como o são as abundantes curvas! Estou certo Vênus?

A medicina hoje entende isso de outra forma e oferece recursos para contornar os malefícios dessa distrofia. Fale com seu médico e viva saudável.

Um comentário:

  1. Arnaldo é o cara das grandes tiradas, sempre foi.

    Essa comparação que você faz entre o olhar dos homens de hoje e o de 30 mil anos atrás é uma sacada genial.
    O texto é super interessante e convincente — faz a gente pensar como se aquele tempo e o de agora fossem o mesmo momento.

    No fundo, tudo na história da humanidade sempre teve duas interpretações.
    O homem parece ter o dom de escolher uma e esconder a outra.

    Lembrei de uma história antiga, de uma cidade invadida, em que vinte anos depois os maridos voltaram da guerra e encontraram as mulheres casadas com os inimigos — a dor que sentiram lá é a mesma que se sentiria hoje.

    E também dessa coisa de como, na história, a mãe de Jesus era chamada de Virgem Maria — e hoje continua viva essa mesma necessidade interior dos homens de enxergar sua mãe como pura, virgem e santa.

    É quase impossível um homem olhar no espelho, dizer que foi de muito desejo amalucado chamado proibido, muita mordida na maçã que deu eu como fruto daquela loucura de mamãe.

    No fundo, ele sabe — mas prefere dizer que veio do amor, da pureza, e aceitar as loucuras que eram do pai porque é mais bonito.
    Mal percebe que as duas frases falam da mesma coisa.

    Talvez aí esteja a prova de que os sentimentos humanos continuam os mesmos há 30 mil anos:
    a gente muda de roupa, de época e de crença, mas continua escolhendo qual parte da verdade quer ver. — Mauro, do irmão que te admira muito

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