sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Promessa do Tempo

Nem brigar comigo no trânsito as pessoas querem mais. Quando vêem que se trata de um senhor, passam a ser condescendentes e até fraternais. Só isso bastaria para confirmar que o meu tempo passou e que de fato envelheci. Mas na sua ironia e crueldade, assim é a vida e ainda passa sal na ferida.

Eu definitivamente não sou mais jovem, embora como queiram alguns, permaneça com uma estranha beleza. Estranha mesmo! Algo de maturidade, consciência e compreensão da natureza humana. É bem provável que a mente tenha embotado um pouco, tenho me surpreendido com certa falta de equilíbrio na bicicleta, a visão, nossa, essa chegou a quase 5 graus em cada vista, quando acordei vi que já havia chegado à idade da próstata, que agora não sou mais reprodutor, apenas um bom amante, felizmente, mas a perspicácia e a capacidade de entendimento ainda permanecem aguçadas.

Não, não! Por favor, não me tome como um emotivo perturbado. Essa qualidade não calça meu pé. Não mais se descarrega a dor d’alma nos embalos das noitadas, essas já não nos pertence, muitas vezes estamos entregues ao cansaço, à dor, à filha, à angústia, a tantos outros e outros tantos. Não era assim nos tempos passados.

Passo os dias na esperança de um só dia e quando chega, passo de novo os dias... Minha mulher chegou aos 50, mas como ela mesmo diz, e daí!? Eu a vejo uma bela jovem, quando nem preciso disso, porque a olho como a paixão da minha vida, como o néctar que sacia a minha sede e olha, sinto muita sede!

Não posso esquecer que quando a conheci, a sensação era de reencontro com alguém cujo amor já me pertencia de outras eras. Se for ou não é uma questão subjetiva, de crença religiosa. A realidade era o que eu sentia e ponto, pronto!

Prometo que não volto a falar do tempo, agora, sobre o amor que lhe dedico com inefável prazer, prometo que falarei sempre.

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