Forças
protocolares de um país no hemisfério sul, obrigaram o então presidente, em
função de seu posto, a receber um Deputado desafeto político e tido pelo
anfitrião como a personificação da antiética. Os holofotes da imprensa ávidos
por registrar o inusitado explodiram seus flashes sobre a dupla. Em meio aquela
cena, um sisudo general ouve do deputado:
- sorria
presidente.
- sorrio se eu
quiser, estou em meu gabinete e na minha casa! Aqui faço eu o que eu quero!
Caem as cortinas.
O presidente não
era exatamente um retrato de candura. Vindo da cavalaria do exército, não raro
se confundia cavalo e cavaleiro. Dizia preferir o cheiro do bicho ao do homem (do
ser humano, bem entendido), sugeria a um grupo de crianças o suicídio coletivo
por se verem suas famílias obrigadas a viver com um salário mínimo, era avesso
a imprensa e reza o cancioneiro popular que debaixo de seu quepe de general
cultivava frondosa galhada.
Herdei do meu
pai a desconfiança da verdade absoluta. Não sei se cultivou esse traço por ser
advogado ou se tornou bacharel por já ter essa característica e por não dispor
de provas contundentes do dito delito posso apenas lembrar que não basta à
mulher de César ser correta, tem também que parecer correta. Diz ainda aquele
mesmo cancioneiro que o que está na boca do povo ou foi ou é ou será. De
qualquer forma resta- nos apenas torcer para que o ninho de amor do casal não
tenha sido dividido com surfistas marombados.
Nessa terra do imaginário, um ex-presidente recebe e chama de camarada um líder vindo do extremo oriente, reconhecidamente um contumaz desrespeitador dos direitos humanos, lidera um partido que se afundou na lama, se acha acima do bem e do mal, assim aparece sem melindres sorrindo ao lado de figuras como Sarney, Renan e Collor e por último ao lado daquele deputado sobrevivente, ainda uma nefasta figura do lado escuso da política e da ética.
Eu que me esgoelei nas ruas prometendo que a união do povo impediria sua derrota moral, me surpreendo com estranha e saudosa lembrança do ex-general cujas palavras foram registradas na imprensa, mas não como haviam sido cozidas em seus limitados neurônios.
O mínimo que me vem à cabeça para esse palhaço que cultiva a ignorância como um troféu é a expressão do mal falado galhado:
Sorri é o
cacête!
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