segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Something is Rotten

A desordem está em todas as partes, até mesmo no título da postagem. Embora seja um conceito já estabelecido, estas palavras estão em Hamlet mas não em sua boca. Foram ditas por Marcellus para Horácio enquanto Hamlet se afastava com o fantasma de seu pai, que lhe pedia vingança. Já dei minha opinião sobre essa herança cruel de um dever que um pai passa a seu filho, aprisionando-o em missão suicida (ler no início do post Dançar não pode). Não satisfeito em matar seu irmão pelo poder, Claudio ainda abocanha Gertrudes, sua cunhada. Em sua cova Nelson, o Rodrigues ri a toa!

O fato é que a expressão de Marcellus se firmou como símbolo de uma desordem, um caos, um misto de traição, vingança, corrupção e imoralidade que tornam inviável a manutenção de um grupo qualquer no poder se não abdicarem desse padrão.

Eu não sou um “expert” em economia, me dou ao luxo de fazer apenas medicina e deixo com minha mulher a organização da casa e da clínica enquanto minhas secretárias tomam conta da recepção e me auxiliam nos procedimentos. Então reconheço que posso não ser o melhor conselheiro para esse desgoverno e para sanear essa avalanche de roubalheira e desrespeito que tomou conta do país, mas tudo que me vem a cabeça é que “há algo de podre nesse reino”(D’aprés Marcellus em Hamlet).

Explicações não nos faltam; caras de espanto então nem pensar. Seguindo essa linha de pensamento não há como fugir do conceito de que nossa polícia federal é formada por um bando de incompetentes, corruptos e interesseiros, com o claro objetivo de destruir essa nação.

A ordem é mantida pelo equilíbrio entre o crime e o castigo, de forma que punição próxima de zero = crime perto do céu.

A violência é a parteira da história e não há reforma indolor. Já vou adiantando que sou contra a intervenção militar e/ou qualquer forma de truculência. Da mesma maneira que me eximi de fazer a contabilidade doméstica e da clínica, seguindo o mesmo comportamento em relação à coordenação administrativa, por me saber não ter a competência de outros, não me arrisco com uma resposta na ponta da língua, mas diferente desse congresso e dessa fauna política, não transgrido e não faço acordo. É o primeiro passo. Não me arvoro em dono da verdade, mas com certeza há algo de podre nesse país.

A sociedade deverá reagir, se organizar, continuar se manifestando, mostrar seu desagrado, parar de cometer os pequenos delitos que se agigantam quando a oportunidade se faz presente, ter orgulho de si e de sua dignidade, deixar explodir no peito outra vez o grito de que o povo unido jamais será vencido.

Mesmo porque na história do Billy (Shakespeare) todos morrem no final. Vamos fazer diferente.


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