Em minha defesa, devo dizer antes de tudo que não apoio a violência e tenho alma de pacifista, o que não significa ser entreguista. Dito isso passemos aos fatos e as coisas da história.
Recentemente tivemos a desastrosa ação das forças de defesa israelense no navio de bandeira turca. Mais que as baixas, me entristece a burrice. É normal torcer pelo Zorro, que personifica o fora da lei, apenas por querer tomá-la em suas mãos e penalizar o Sargento Garcia, representante da ordem. Deveria haver outro caminho, outra forma de fazer valer a letras das leis internacionais. Dentre os inúmeros textos de crítica e apoio não achei nada que tocasse o cerne da questão, qual seja a natureza belicosa do homem, esse, uma experiência divina que não deu certo.
Poderia citar aqui os relatos de um tal Samuel Clemens, que o mundo literário imortalizou como Mark Twain, sobre suas viagens pela Europa, Havaí e Oriente Médio em 1867, no livro “The Innocents Abroad”, descrevendo a terra onde hoje é Israel como um local deserto, inabitado, onde se via eventuais beduínos e por onde se viajava dias sem cruzar com viva alma. Raras eram as aldeias e com poucas dezenas de pessoas. Seria possível dissertar por horas para apontar os direitos de cada qual por aquele pedaço de terra. Refreio porém meu impulso.
Conta-se que certa vez um representante de Israel ao discursar na ONU, iniciou dizendo que Moisés ao se banhar no rio, deixara suas roupas as margens e que ao voltar não mais as viu. Praguejou – tinha que ser aquele palestino... no que de imediato reagiu o líder palestino – Calúnia, calúnia, nesta época nem existiam palestinos! Pois é, disse o israelense, é daí que quero começar minha história.
Quem não aguenta o tranco, não se aventura. No início do ano 49 AC, Júlio César, querido entre os romanos e idolatrado por seus comandados, percebendo manobras do Senado para deixá-lo de fora e enfraquecê-lo politicamente, tomou a decisão de atravessar o limite permitido pela legislação de então, o rio Rubicão, e conquistou Roma em uma marcha. Teria dito “Alea jacta est” - a sorte está lançada - segundo os escritos, o que eu não acredito muito. Deve sim ter vomitado um sem número de impropérios. Mas essa é outra história. O fato é que tomada uma decisão, tem se que arcar com as conseqüências.
Leio que outra embarcação, essa vindo do Irã, dirige-se para Gaza a fim de furar o bloqueio e criar mais um embaraço político. Porque não seguem pelo Egito? Porque lá, seus pares, a Irmandade Muçulmana, assassinos de Sadat não são bem vindos, mas sim reprimidos pelo governo com mão de ferro. E bota ferro nisso! Não acho que sejam Césares, não aguentam o tranco e não têm nada a ver com o Zorro.
Não trago na manga qualquer solução que não seja a negociação civilizada e aqui começam os primeiros problemas. Alguns daqueles que deveriam ser os interlocutores não podem ser classificados sob essa ótica.
Como não sou dado a orações só me resta torcer para que as próximas manobras primem mais pela inteligência do que pela força, afinal Alea jacta est.
Parabéns, Arnaldo! Muito oportunas as suas reflexões sobre este tema tão complicado. Bem vindo ao mundo dos blogueiros! Quando tiver um tempinho, venha me visitar no meu blog também:http://monipin.blogspot.com/ Beijos!
ResponderExcluirMas quanta eloquência doutor!
ResponderExcluirGostei da análise histórica e do sarcasmo, principalmente com os Romanos...
Só acho que vale lembrar que, existem maneiras e maneiras, tanto de "resistir", como de "controlar". Mas com os ânimos exaltados, tudo vira caos.
Eu também não rezo, mas torço para que que a generosidade impere de ambos os lados, tanto no coração do Zorro, como no do Sargento Garcia.
Beta