sábado, 19 de novembro de 2011

Isso sim é anti spam

Caro Senador

Há algum tempo lhe escrevi falando sobre trabalhos e campanhas e fui feliz em tê-lo sensibilizado, mas infelizmente as aspirações eram maiores que as possibilidades. Desde então passei a fazer parte de sua lista de endereços na internet, recebendo periodicamente resumo de suas atividades. Apesar de tal serviço se configurar em um “spam”, devo agradecer e confessar que leio com interesse suas mensagens, as quais me trazem uma falsa sensação inebriante de que nem tudo está perdido e ainda resta uma reserva moral nesse país.

São extremamente presentes no meu dia a dia as imagens da nossa falida instituição dirigente.
Essas imagens transportam-me aos anos finais do império de Tafari Makonnen, a quem a história se refere com o nome de Haile Selassie da Etiópia, mas que poucos conhecem.

Os efusivos abraços e sorrisos entre os pares nas CPI’s mostram que se trata de peça de mau gosto. O final infeliz da impunidade, a comemoração aberta, em restaurante com brindes e farta comida, a dança pública de júbilo pela absolvição de um réu confesso em uma casa da lei, o conluio explícito até de um ex-presidente da casa é a expressão máxima do escárnio para com o povo sofrido. É a constatação do mal sobre o bem, é o retorno à outra longa noite como aquela dos mil anos. Precisamos apenas de quarenta anos no deserto, de uma renascença. Os salvadores da pátria se tornam geralmente seus algozes.

É com enorme pesar e profundo respeito que me atrevo discordar do nobre senador. Por tudo que temos visto, o Brasil tem se mostrado sim, que é o reino da impunidade e dos políticos corruptos que conseguem driblar o ordenamento jurídico e permanecem intocáveis em uma trajetória delituosa. E ainda segundo o deputado Cezar Schirmer ''não tem sentido continuar com o esforço que vem sendo feito no conselho... a sensação é de impotência, desalento e desencanto".

Pode o senhor imaginar o sentimento de seu povo. Um estudo superficial de um estagiário de sociologia explicaria sem maior dificuldade o porquê da criminalidade crescente e de impossível combate; o exemplo vem de cima, meu caro senador! O país vive a máxima de que para os amigos tudo. O congresso virou uma confraria, não há limites para o corporativismo e as negociatas, mas existe sim para a paciência do povo que, no momento certo e da melhor forma, dará seu recado.

Embora ferido em meu patriotismo, o senhor me encontrará ainda marchando contra os desmandos, carregando a bandeira da justiça, enchendo os pulmões e soltando a voz para que o povo unido jamais seja vencido! Lembra?

Até essa marcha, fique com meu cordial abraço e estímulo para que não esmoreça nem desaponte seus amigos ocultos e eleitores confessos.

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