domingo, 6 de novembro de 2011

O Câncer do Povo

Reza a crônica que em algum momento entre os séculos I e II da era comum, quando Roma reprimia com violência seus rebeldes, houve um encontro entre um líder religioso, Yochanan Ben Zakai e um famoso zelota, Bar Kokhba, onde se discutiu que rumo tomar contra o agressor.

Enquanto um defendia a luta armada, Ben Zakai propunha espalhar Yeshivas, (escolas de judaísmo) o mais que pudessem e dessa forma, manter a cultura, garantindo a perpetuação intelectual do seu grupo. A história nos mostrou que a lança foi quebrada, mas a mensagem cultural se eternizou.

Esparta, a cidade exército, dobrou a população de Atenas na guerra fratricida do Peloponeso, mas não impediu que sua cultura desse fruto até os dias de hoje. Mesmo Roma, com todo seu poderio militar, culturalmente era grega. Felipe, o macedônio, deixou seu filho nas mãos do pretenso inimigo, reconhecendo neste uma fonte de saber. Se bem que o Alexandre nos saiu um “ativista despirocado”, mas como diria tia Anastácia, isto é outra história.

O mundo mergulhou em uma longa noite de mil anos, entre os séculos 5 e 15, quando a cultura se refugiou nas casas de deus, sinagogas e conventos. Dizemos hoje, que a humanidade renasceu depois disso. Sempre que a ciência, o saber e a informação nos foram subtraídas, mergulhamos no caos e na escuridão. A história está cheia de exemplos da luta entre a espada e o livro. A leitura do que uns escrevem é a prova viva da força das letras.

Muito se tem dito ultimamente sobre o local mais apropriado para o tratamento do câncer de Lula. Não sou daqueles que “não deseja algo de ruim ao meu maior inimigo”, Que se cuide o menor! Portanto não sou a pessoa ideal para indicar o que seria o certo no caso Lula, apenas por considera-lo um inimigo de seu povo. A “via crucis” de Lula é um caso comum do dia a dia no universo médico. Incomum é o câncer que foi plantado na alma desse povo, uma idolatria pelo não saber. O grande pecado de Lula foi estimular e valorizar a ignorância, a lei de Gerson, a visão maquiavélica de que os fins justificam os meios e cultuar o indivíduo em detrimento do estado.

Quando declarou não achar nada de mais o desvio de verba na disputa eleitoral, uma vez que era uma prática comum na política brasileira, premiou o desonesto e avalizou o crime, com o agravante de ter tido a participação do mandatário máximo do país.

A análise da história se faz de forma retrospectiva por períodos de décadas, séculos ou milênios. Desde seu descobrimento, o Brasil teve vários períodos de nulidade, como seus primeiros 100 anos, segundo historiadores. Com todo fardo negativo de uma ditadura, que não aprovo e da qual ainda jovem, fui opositor, bradando minha voz em passeatas, pichando paredes e empenhando minha palavra quando possível, em algumas questões econômicas e organizacionais deram-se passos positivos.

A desorganização política, essa cirrose social, é na verdade o câncer que nos consome e a quem devemos dirigir nosso ódio e dedicar nosso empenho para mudar. Lula adora ser ignorante e pelego. Ao invés de promover a mudança de pensamento que poderia impor com sua aprovação nas pesquisas, cedeu aos cânticos do poder e apunhalou pelas costas o povo que o colocou lá. Confirmou a máxima de Shakespeare sobre a história do poder –“um rei mau cai pelas mãos de um líder popular bom, que ao tomar o poder se torna um rei...mau...”.

Ocupar a Wall Street, festejar a primavera árabe, derrotar nas urnas os maus políticos é derrubar a Bastilha que existe em todas as histórias. Trazer essa sub-raça de representantes políticos de volta à realidade, coloca-los diante das mesmas agruras que sofre seu povo, representa o que foi o caminho da corte francesa, forçada a deixar Versailles de volta a Paris.

Não sinto muito, senhor ex presidente, por favor, acorde bem cedo, agasalhe-se, leve junto seu chaveirosinho Marisa, muita paciência e vá sim para a fila do SUS, um sistema próximo a perfeição, segundo seu conceito e tenha o prazer de ser atendido na UPA, como era seu desejo. Você seguiu a risca o princípio de que aos amigos tudo, o rigor da lei para os indiferentes e aos inimigos nem mesmo a justiça. Viva por ele.

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