sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Resposta ao Fernando, um crítico

Meu amigo Fernando

De tudo, o que mais gostei foi ser considerado seu amigo. Basicamente é isso que está faltando, reconhecer no próximo, um irmão. Acho salutar essa divergência civilizada de opiniões e me alegra ter com quem discutir em nível tão cordial. Sejamos objetivos.

Os judeus, por exemplo, foram bem aceitos na Espanha muçulmana. São seculares sim, as perseguições aos judeus, mas não "certos problemas" com os árabes.

Concordo que as questões não são apenas territoriais, pois varrer um país do mapa e extermínio de um grupo étnico é muito mais que isso. Que “certos direitos palestinos óbvios” Israel não se dispõe a discutir? Ehud Barak, colocando em risco sua existência política, ofereceu aos palestinos, mais do que jamais fora negociado ou até mesmo pretendido, e recebeu de Arafat os 3 famosos “nãos”: Não às negociações, não à paz e não a existência de Israel, o que frustrou milhares de palestinos e não só desagradou ao então presidente Clinton como ao próprio representante dos árabes que abandonou o recinto com ameaças a Arafat.

A falta de diálogo não se prende a diferença de forças. Nabucodonossor, autor da destruição do primeiro templo, e quem levou os judeus como escravos para Babilônia, teve um comportamento mais democrático com os judeus, permitindo o exercício de suas crenças e mesmo absorvendo muitos em sua administração. Alexandre o Grande, alguns tantos anos depois, com sua visão de estadista, conquistava o coração dos cidadãos das cidades que absorvia em seu vasto reinado. Em ambos os casos, não foi a força, o cerne da questão. Não se conquista respeito com força.

Você que tem judeus entre seus tantos amigos e entre os quais me permito incluir, deve já ter ouvido histórias sobre desespero, perda de famílias e a quase absoluta impotência, que faz com que esse povo seja tão cioso dos seus deveres para com sua gente. Não posso concordar com sua afirmação de que é Israel quem não respeita as resoluções da ONU. Para não aprofundar muito, tão logo iniciou o atual cessar fogo, voltou o transporte de armas para o Hezbolah pelos Sírios, levando à reação israelense. Havia uma determinação da ONU para que se desarmasse o grupo xiita. Por acaso essa resolução foi por Israel desrespeitada? A criação de Israel, por determinação da ONU, foi seguida de uma guerra covarde e esta sim, militarmente desproporcional e para qual se fecharam mais uma vez os olhos do mundo.

Esse discurso de riquezas e poder foi copiado de um folhetim originário da França e se tornou o triste - “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, vergonhoso crime do serviço secreto russo de Nicolau que a bem da verdade, teria se colocado contra tal plano por não estar a altura de sua dignidade. O “Libelo de Sangue” na idade média e o holocausto mais recentemente nada têm a ver com riqueza e poder.

São cidadãos israelenses, mais de 1.500.000 árabes que têm inclusive representação no parlamento. Israel recebeu e ainda o faz, refugiados judeus dos quatro cantos da terra. Poderia me citar qualquer semelhança nos países árabes? Em certa oportunidade, referindo-se justamente a quem interessava a manutenção do conflito, Golda Meir teria dito “-essa guerra vai acabar quando eles tiveram mais amor a seus filhos que ódio aos nossos.”

A solução a meu ver passa por uma melhor divisão da riqueza, melhor educação e qualidade de vida, acompanhado de um mínimo de modernidade. Apedrejar mulheres, com acusação de adultério, não coloca esses indivíduos no rol de pessoas com quem se possa conversar, como nós estamos fazendo agora.

Depois que Israel, acatando uma resolução da ONU, saiu do sul do Líbano, passou anos sendo atacado todos os dias por membros desses grupos que pregam a destruição completa de um membro dessa organização mundial e que nunca se manifestou com tanta presteza, enquanto Israel era vítima de bombas em ônibus escolares, pontos de ônibus, bares, universidades e tantos locais ocupados apenas por civis.

Como grupo étnico e religioso, de fato os judeus têm suas próprias regras e leis, tem suas tradições e valores. Seu livro de mandamentos é fundamentado em um comportamento ético. A diferença é que não impõe isso a ninguém e qualquer um que coadune com essas idéias é bem vindo. Eu particularmente não acredito em um D’s tão guerreiro. Se existe, deve ser tipo um paizão! Aliás, o judeu é o primeiro povo monoteísta da história, quem primeiro teve esse entendimento e quem criou essa relação, digamos, mais familiar com seu D’s.

Estou muito feliz por ser considerado seu amigo e vou me esforçar para continuar assim.

Um caloroso abraço,

Paz, Shalom, Salam Aleikhum

Arnaldo

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